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  • Foto do escritor: Arthur Alexander
    Arthur Alexander
  • 10 de set. de 2023
  • 2 min de leitura

Entre os muitos conceitos lacanianos, um dos mais intrigantes é a ideia do "impossível na subjetividade". Para compreender essa noção, é necessário explorar alguns dos conceitos-chave da psicanálise lacaniana.


Em primeiro lugar, Lacan postula que a subjetividade humana é construída através do complexo processo de linguagem e simbolização. Ele argumenta que somos seres divididos, marcados por uma falta fundamental que surge com a entrada na linguagem. Essa falta é o que nos impulsiona a buscar constantemente algo para preenchê-la, seja amor, reconhecimento, significado ou qualquer outra coisa. Essa busca incessante é o que impulsiona a nossa subjetividade.


O "impossível na subjetividade" lacaniano está relacionado a essa falta fundamental. Lacan sugere que essa falta é, em última instância, impossível de ser preenchida. É um vazio que persiste ao longo da vida de uma pessoa. Isso ocorre porque, à medida que buscamos preencher essa falta, muitas vezes nos deparamos com objetos que prometem alívio temporário, mas que, no final das contas, não conseguem satisfazer completamente essa necessidade.


Essa busca incessante pelo impossível na subjetividade é o que impulsiona o desejo humano. Lacan argumenta que o desejo é uma busca contínua e insaciável por algo que nunca pode ser completamente alcançado. É essa insatisfação fundamental que nos mantém em movimento, nos levando a buscar constantemente formas de nos relacionarmos com o mundo e com os outros.


Outro conceito importante em relação ao impossível na subjetividade é o conceito de "gozo" em Lacan. Ele sugere que, muitas vezes, buscamos o gozo como uma tentativa de preencher a falta em nossa subjetividade. No entanto, o gozo é paradoxal, pois, embora possa proporcionar prazer momentâneo, também traz consigo um elemento de sofrimento. Isso ocorre porque o gozo muitas vezes nos leva a um excesso que ultrapassa nossos limites e nos coloca em um estado de desconforto.


O "impossível na subjetividade" refere-se precisamente a essa insatisfação fundamental que nunca pode ser eliminada. É a noção de que sempre haverá algo faltando em nossa experiência, algo que não podemos alcançar plenamente.


Uma das implicações profundas desse conceito é que o desejo humano nunca se estabiliza. À medida que buscamos satisfazer um desejo, outro desejo surge em seu lugar. É


Além disso, o "impossível na subjetividade" também tem implicações para a forma como nos relacionamos com os outros. Nossos relacionamentos muitas vezes são afetados pela nossa busca incessante por satisfação de desejos. Podemos projetar nossos desejos em parceiros ou amigos, esperando que eles preencham nossa falta, o que pode criar expectativas irreais

 
 
 
  • Foto do escritor: Arthur Alexander
    Arthur Alexander
  • 1 de set. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 16 de set. de 2023

O luto é uma das manifestações do que ele chamou de "perda do objeto". O objeto em questão pode ser um ente querido, mas também pode ser uma ideia, um ideal, um objeto de desejo ou até mesmo uma parte de nós mesmos. O luto é o processo psíquico pelo qual alguém enfrenta a separação ou a ausência desse objeto significativo. É importante destacar que, para Lacan, o luto não está restrito à morte física de alguém, mas pode ocorrer em uma variedade de situações de perda.


Uma das contribuições mais notáveis de Lacan para a compreensão do luto é a ideia de que o luto é um processo complexo de desvinculação do objeto perdido. Ele argumenta que o luto não é simplesmente uma expressão de tristeza, mas uma série de movimentos psíquicos que envolvem a reorganização da relação do sujeito com o objeto perdido. Isso implica um trabalho de luto que ocorre no nível do inconsciente, à medida que o sujeito tenta simbolicamente se desligar do objeto e reorganizar seus investimentos emocionais.


Lacan também enfatiza a importância da linguagem e do simbólico no processo de luto. Para ele, o luto envolve a transformação do objeto perdido em um significante, ou seja, em palavras e símbolos que podem ser integrados ao universo simbólico do sujeito. Isso permite que o sujeito continue a se relacionar com o objeto de maneira simbólica, mesmo que ele não esteja mais presente de forma concreta.


Além disso, Lacan destaca a função do "luto narcísico" no processo de luto. Esse conceito se refere à perda do próprio eu como um objeto de investimento libidinal. Quando um objeto significativo é perdido, parte do amor e da libido que estavam investidos nesse objeto são redirecionados para o próprio eu, resultando em uma transformação da identidade do sujeito. O luto narcísico é, portanto, uma parte importante do trabalho de luto.


O luto é um processo psíquico complexo que envolve a desvinculação do objeto perdido, a transformação desse objeto em significante, a reorganização do investimento libidinal e a reconfiguração da identidade do sujeito. Sua abordagem única acrescenta uma camada de compreensão à experiência de luto, destacando a importância da linguagem, do simbólico e do narcisismo na forma como os indivíduos lidam com a perda e o sofrimento.

 
 
 
  • Foto do escritor: Arthur Alexander
    Arthur Alexander
  • 27 de ago. de 2023
  • 2 min de leitura

A psicanálise de Jacques Lacan é profundamente enraizada na estrutura do inconsciente, nas dinâmicas do sujeito e na interação entre o simbólico, o imaginário e o real. Lacan abordou a melancolia como um estado psicológico complexo que se manifesta como um profundo sofrimento emocional, uma sensação de perda e um deslocamento do eu.

A melancolia não pode ser reduzida apenas a fatores biológicos ou cognitivos. Ela envolve a relação do indivíduo consigo mesmo e com o mundo exterior. A base de sua abordagem encontra-se no conceito de "objeto a", que representa a falta ou a perda que está no cerne do desejo humano. Na melancolia, esse objeto perdido pode ser um ideal inalcançável, um amor impossível ou mesmo uma imagem de si mesmo idealizada.


Um aspecto central da teoria lacaniana da melancolia é a ideia de que o eu se dissolve ou se fragmenta devido à falha na simbolização adequada desse objeto perdido. O sujeito melancólico não consegue integrar essa perda no tecido simbólico de sua psique, levando a um estado de desamparo e desintegração do eu.


A linguagem também desempenha um papel fundamental na análise lacaniana da melancolia. O discurso melancólico muitas vezes assume uma forma de autorrecriminação e autocrítica exacerbadas. O sujeito se envolve em diálogos internos negativos, repetindo padrões de pensamento destrutivos que refletem sua incapacidade de lidar com a perda. A linguagem, nesse contexto, não é apenas um meio de expressão, mas também uma arena onde as lutas psíquicas se desenrolam.


O conceito de "fantasma" de Lacan é outro elemento crucial para compreender a melancolia. O fantasma é a narrativa inconsciente que molda a forma como o sujeito percebe a si mesmo e ao mundo. Na melancolia, o fantasma pode ser permeado por elementos de perda e inadequação, perpetuando um ciclo de dor emocional. O trabalho terapêutico, dentro da abordagem lacaniana, envolve explorar e reconstruir esses fantasmas para permitir uma nova compreensão da perda e do eu.


No âmbito do simbólico, Lacan enfatiza a importância da linguagem e da comunicação como fatores que influenciam a formação da identidade e do Eu. A melancolia pode surgir quando o indivíduo se vê preso em uma incapacidade de articular sua dor e angústia, resultando em uma espécie de "linguagem silenciosa" que não consegue expressar adequadamente o que está sendo sentido.


A terapia na visão lacaniana busca trabalhar com esses diferentes registros para ajudar o indivíduo a encontrar formas de simbolizar e dar sentido ao seu sofrimento. Isso pode envolver a desconstrução dos fantasmas inconscientes que perpetuam a melancolia, a exploração das relações entre a linguagem e a experiência emocional, bem como a análise das complexas interações entre o eu, os outros e o mundo.

 
 
 
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© 2025 por Arthur Alexander Abrahão

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