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  • Foto do escritor: Arthur Alexander
    Arthur Alexander
  • 1 de out. de 2023
  • 2 min de leitura

A ética da psicanálise lacaniana é uma área complexa e profundamente relacionada à teoria e prática desenvolvidas pelo psicanalista francês Jacques Lacan ao longo do século XX. Lacan trouxe uma perspectiva única para a psicanálise, que se distingue das abordagens tradicionais de Sigmund Freud e outros psicanalistas contemporâneos. Sua ética psicanalítica é um componente central de sua teoria, e ela aborda questões cruciais sobre o sujeito, o desejo, a linguagem e a transformação psíquica.


Uma das características fundamentais da ética lacaniana é a ênfase no sujeito como descentrado e dividido. Lacan argumenta que o sujeito não é uma entidade coesa e unificada, mas uma construção complexa que emerge da linguagem e do desejo. Ele introduziu a noção de "o sujeito do inconsciente", que está em constante movimento e reconfiguração. Isso implica que a busca pela verdade e pela identidade é uma empreitada complexa e muitas vezes ilusória na psicanálise lacaniana.


A ética lacaniana também está intrinsecamente relacionada ao conceito de desejo. Lacan distinguiu entre o "desejo do Outro" e o "desejo do sujeito". O desejo do Outro refere-se à influência dos outros, da sociedade e das expectativas externas na formação do desejo do indivíduo. O desejo do sujeito, por outro lado, é o desejo genuíno e singular que emerge do inconsciente. A ética lacaniana envolve a exploração e a promoção do desejo do sujeito, permitindo que o indivíduo se afaste das pressões sociais e das normas impostas e descubra sua própria verdade interior.


A linguagem também desempenha um papel central na ética lacaniana. Lacan argumentou que a linguagem é uma estrutura que molda a experiência do sujeito e que o inconsciente é estruturado como uma linguagem. Isso significa que a comunicação e a interpretação desempenham um papel crítico na análise lacaniana. O analista e o paciente trabalham juntos para explorar os significantes e os significados que emergem na fala e no discurso, buscando entender como a linguagem influencia o sujeito e sua relação com o desejo.


Além disso, a ética lacaniana também aborda a questão da responsabilidade do analista. Lacan enfatizou a importância do analista manter uma posição ética de abstinência e neutralidade, não impondo julgamentos morais ou valores pessoais ao paciente. O analista deve estar disposto a suportar a angústia e a ambiguidade que surgem no processo de análise e permitir que o sujeito explore seu próprio desejo de maneira livre e autêntica.


Em resumo, a ética da psicanálise lacaniana é uma área rica e complexa que se concentra na compreensão do sujeito descentrado, do desejo, da linguagem e da responsabilidade do analista. Ela oferece uma abordagem única para a psicanálise, que desafia as noções tradicionais de identidade e verdade, promovendo a exploração do desejo do sujeito e a busca por uma compreensão mais profunda do humano.

 
 
 
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    Arthur Alexander
  • 24 de set. de 2023
  • 2 min de leitura

A psicanálise é uma disciplina que mergulha nas profundezas da psique humana, explorando os recantos mais obscuros e complexos da mente. Entre os nomes proeminentes que contribuíram para o desenvolvimento dessa área, Jacques Lacan se destaca como uma figura influente e provocativa. Seu conceito de sujeito é um dos pilares de sua teoria e continua a intrigar e desafiar estudiosos e profissionais da psicanálise.


O Sujeito como um Construto Lacaniano


Para compreender o conceito de sujeito em Lacan, é essencial deixar de lado as concepções tradicionais de sujeito como um indivíduo autônomo e consciente de si mesmo. Lacan propôs uma visão mais complexa e enigmática do sujeito.


Segundo Lacan, o sujeito não é uma entidade estável e coesa, mas sim um constructo que emerge da interação entre o indivíduo e a linguagem. Ele argumentou que a linguagem é fundamental para a constituição do sujeito, pois é por meio da linguagem que atribuímos significado às nossas experiências e construímos nossa identidade.


O Espelho como Metáfora do Sujeito


Uma das metáforas mais famosas de Lacan para o sujeito é o conceito do "estádio do espelho". Nesse estádio, que ocorre na infância, a criança se vê refletida no espelho e, pela primeira vez, tem uma noção de unidade e totalidade. Ela percebe a si mesma como um ser separado do mundo exterior.


No entanto, Lacan argumenta que essa imagem no espelho não reflete a verdadeira natureza do sujeito. É uma imagem ilusória que cria uma sensação de unidade, mas por baixo dessa unidade aparente, o sujeito é fragmentado e descentrado.


A Divisão Fundamental


Outro conceito-chave em Lacan é o da "divisão fundamental" do sujeito. Ele acreditava que o sujeito é dividido entre o "Eu" (moi), que é a identidade que construímos para nos relacionarmos com os outros e nos encaixarmos na sociedade, e o "sujeito do inconsciente", que é o verdadeiro núcleo do sujeito, repleto de desejos e impulsos reprimidos.


Essa divisão fundamental é o que torna o sujeito lacaniano tão complexo e enigmático. O sujeito está constantemente em conflito consigo mesmo, tentando reconciliar as demandas da sociedade com seus desejos mais profundos e incontroláveis.


Lacan acreditava que o inconsciente é uma parte central do sujeito e que muitos dos processos mentais que nos influenciam acontecem fora da nossa consciência.


O desejo desempenha um papel crucial na teoria de Lacan. Ele argumentava que o desejo não pode ser diretamente consciente, pois o desejo é muitas vezes contraditório e socialmente inaceitável. Portanto, o sujeito frequentemente desconhece ou reprime seus desejos mais profundos. Esses desejos reprimidos podem se manifestar de maneiras sutis ou mesmo patológicas em nossos comportamentos e sintomas.

 
 
 
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    Arthur Alexander
  • 17 de set. de 2023
  • 1 min de leitura

O ato falho, na teoria de Sigmund Freud e Jacques Lacan, é um conceito que se refere a ações ou palavras involuntárias que revelam pensamentos reprimidos ou desejos inconscientes. Ambos os psicanalistas abordaram o tema de maneira significativa, embora com algumas diferenças em suas interpretações.


Para Freud, o ato falho era uma manifestação do inconsciente em ação. Ele acreditava que quando alguém cometia um ato falho, como esquecer um nome ou trocar palavras, isso refletia um conflito entre impulsos inconscientes e as barreiras impostas pelo ego, o sistema psíquico que busca equilibrar os desejos do id com as demandas da realidade. Por exemplo, esquecer o nome de alguém poderia ser uma forma de evitar conscientemente o contato com essa pessoa devido a desejos ou emoções reprimidos.


Por sua vez, Lacan trouxe uma perspectiva linguística e estruturalista para o ato falho. Ele argumentava que as falhas na fala revelavam aspectos do inconsciente, uma vez que a linguagem era fundamental para a constituição do sujeito. Para Lacan, essas "escorregadelas" na fala, como trocar palavras ou sons, eram pistas que indicavam os conflitos e os jogos do inconsciente na tentativa de se expressar através da linguagem.


Jacques Lacan, influenciado pela teoria estruturalista e a linguística, via o ato falho como uma manifestação da relação entre a linguagem e o inconsciente. Ele argumentava que a linguagem era fundamental para a constituição do sujeito e, portanto, qualquer deslize na fala ou na escrita continha significados inconscientes. Lacan considerava que esses lapsos revelavam a presença do "inconsciente estruturado como uma linguagem" e a luta do sujeito para expressar seus desejos e angústias dentro das limitações da linguagem.

 
 
 
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© 2025 por Arthur Alexander Abrahão

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