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  • Foto do escritor: Arthur Alexander
    Arthur Alexander
  • 9 de jul. de 2023
  • 3 min de leitura

Lacan expandiu a teoria freudiana do Édipo, introduzindo conceitos como a ordem simbólica e o Nome-do-Pai. Para Lacan, o Édipo não é apenas um processo individual, mas um fenômeno social e linguístico. Ele argumentou que a entrada da criança na linguagem e na cultura é crucial para o desenvolvimento do complexo de Édipo.


Segundo Lacan, a criança inicialmente se identifica com a mãe e se sente completa e onipotente. No entanto, quando ela percebe a presença do pai, surge uma divisão subjetiva. O pai passa a representar a Lei, a autoridade simbólica que impõe limites e regras. Essa figura paterna, ou o "Nome-do-Pai", desempenha um papel central na estruturação do psiquismo da criança.


Ao contrário de Freud, Lacan não enfatizou tanto o aspecto sexual do complexo de Édipo. Para ele, o foco estava nas relações de poder, na busca pelo reconhecimento e na inserção da criança na ordem simbólica. O Édipo lacaniano é mais um processo de entrada no mundo da linguagem e da cultura do que uma resolução das pulsões sexuais.


Embora as teorias de Freud e Lacan sejam diferentes, elas compartilham algumas ideias centrais. Ambos concordam que o complexo de Édipo é um estágio crucial do desenvolvimento psicossexual e que a resolução desse complexo é essencial para a formação da identidade e do superego.


No entanto, as principais diferenças surgem na ênfase que cada teórico dá aos fatores sociais, culturais e linguísticos. Lacan ampliou o conceito de Édipo ao enfatizar a entrada da criança na ordem simbólica e a importância do pai como representante da Lei, enquanto Freud focou mais nas questões sexuais e na resolução das pulsões. Antes de falarmos mais sobre o Edipo em Lacan precisamos entender o processo anterior que marca a entrada da criança na linguagem.


O Processo de Alienação:


Para Lacan, o processo de alienação é fundamental na formação da identidade do sujeito. Ele descreve esse processo como a perda do sujeito em relação ao seu próprio desejo, quando ele se identifica com a imagem do outro, o "outro do espelho". Isso ocorre no estágio do espelho, que ocorre por volta dos 6 a 18 meses de idade, quando a criança percebe sua imagem refletida em um espelho e desenvolve uma identificação imaginária com essa imagem unificada e completa.


Essa identificação inicial com a imagem do outro é ilusória, pois o sujeito percebe uma unidade e uma totalidade que ele próprio não possui. Essa alienação primordial implica em uma perda, na medida em que o sujeito busca uma identificação com algo externo a si mesmo, perdendo de vista sua própria falta e incompletude.


O Processo de Separação:


Em contraste com a alienação, o processo de separação (que ocorre durante o Édipo) é a busca pela própria identidade do sujeito, pelo reconhecimento de sua falta e pela inserção na ordem simbólica. É a partir desse processo que o sujeito começa a se desvencilhar da identificação ilusória com o outro do espelho e busca sua singularidade.


O processo de separação envolve a entrada na linguagem e na cultura, através do acesso à função simbólica. A linguagem é o meio pelo qual o sujeito se constitui como sujeito falante, nomeando e simbolizando o mundo ao seu redor. É nesse processo que o sujeito se distancia da imagem do outro e passa a ocupar um lugar próprio, construindo sua identidade a partir de sua própria falta.


Importância e Interconexão dos Processos:


Tanto o processo de alienação quanto o processo de separação são fundamentais para o desenvolvimento psíquico e a formação do sujeito. A alienação inicial é uma etapa necessária para a constituição do eu, mas a separação é o movimento que permite ao sujeito se reconhecer como um ser distinto, com desejos e necessidades próprias.


Esses processos estão intimamente interconectados na teoria de Lacan. A alienação é um estágio inicial que prepara o terreno para a separação, na medida em que o sujeito se confronta com sua própria falta e busca uma identidade singular. Através da separação, o sujeito encontra sua voz e se torna capaz de estabelecer relações autênticas com os outros e com o mundo.

 
 
 
  • Foto do escritor: Arthur Alexander
    Arthur Alexander
  • 2 de jul. de 2023
  • 3 min de leitura

Édipo, o personagem mítico da tragédia grega, encontrou um lugar central na teoria psicanalítica de Sigmund Freud. A história de Édipo, filho de Laio e Jocasta, que inadvertidamente mata seu pai e se casa com sua mãe, é um poderoso mito que desafia a ordem estabelecida e aborda questões profundas da psique humana.


Para Freud, a tragédia de Édipo simbolizava a universalidade do Complexo de Édipo, um conceito-chave em sua teoria. Segundo Freud, o Complexo de Édipo é uma fase central do desenvolvimento infantil, durante a qual a criança sente desejos inconscientes e conflitantes em relação aos pais. O menino desenvolve sentimentos amorosos em relação à mãe e rivalidade com o pai, enquanto a menina experimenta sentimentos semelhantes em relação ao pai e rivalidade com a mãe.


Freud argumentou que esses desejos e conflitos são inerentes à natureza humana e constituem a base de nosso desenvolvimento psicossexual. O Complexo de Édipo é considerado uma etapa normal e necessária do desenvolvimento infantil, e seu sucesso é essencial para a formação da identidade e da personalidade saudável.


No entanto, quando os desejos e conflitos do Complexo de Édipo não são resolvidos adequadamente, podem surgir problemas psicológicos. Édipo, na tragédia grega, é um exemplo extremo dessa falha na resolução do Complexo de Édipo, levando a consequências trágicas. Da mesma forma, em sua teoria, Freud argumentou que a repressão inadequada dos desejos e conflitos edipianos poderia levar a distúrbios psicológicos, como neuroses e psicoses.


Além disso, Freud explorou o mito de Édipo para descrever a dinâmica da sexualidade humana. Ele argumentou que os desejos edipianos são enraizados nas pulsões sexuais da criança, conhecidas como libido. Essas pulsões sexuais são inicialmente direcionadas para o próprio corpo, mas à medida que a criança se desenvolve, elas se voltam para objetos externos, como os pais.


Freud também introduziu o conceito de "complexo de castração", que se origina do mito de Édipo. Segundo Freud, durante a fase fálica do desenvolvimento, a criança experimenta medo e ansiedade em relação à castração, como resultado de seus desejos incestuosos. Essa ansiedade desempenha um papel crucial na resolução do Complexo de Édipo, já que a criança busca evitar a castração e internaliza as normas e regras da sociedade.


Freud utilizou o mito de Édipo como uma ferramenta para compreender a estruturação da psique humana. Ele propôs que a mente é composta por três instâncias: o id, o ego e o superego. O id representa os impulsos e desejos primitivos, baseados nas pulsões sexuais e de vida. O superego representa as normas e regras internalizadas da sociedade, enquanto o ego desempenha o papel de mediador entre as demandas do id e as restrições do superego.


Nessa estrutura psíquica, o Complexo de Édipo desempenha um papel crucial na formação do superego. À medida que a criança internaliza as normas e valores parentais, ela desenvolve uma consciência moral e um senso de certo e errado. A resolução bem-sucedida do Complexo de Édipo é fundamental para a formação de um superego saudável, capaz de regular os impulsos do id e equilibrar as demandas do mundo interno e externo.


No entanto, o mito de Édipo também pode ser interpretado como um símbolo do conflito entre os desejos individuais e as demandas da sociedade. Édipo desafia as estruturas estabelecidas, transgredindo as normas incestuosas e questionando a autoridade do pai. Essa transgressão representa o desejo humano de liberdade e autonomia, em contraste com as restrições e expectativas impostas pela cultura e pela civilização.


Assim, Édipo em Freud representa não apenas uma análise da psicodinâmica individual, mas também uma reflexão sobre as tensões entre o indivíduo e a sociedade. Freud reconheceu que o Complexo de Édipo é apenas um aspecto do processo de desenvolvimento psicossexual, e que a resolução desses conflitos é um desafio contínuo ao longo da vida.


É importante notar que a interpretação do mito de Édipo na teoria psicanalítica não deve ser vista como uma descrição literal da realidade. Em vez disso, é uma metáfora poderosa para compreender as complexidades da mente humana e as forças inconscientes que moldam nossas motivações e comportamentos.


Embora as ideias de Freud sobre o Édipo tenham sido criticadas e modificadas ao longo do tempo, sua contribuição para a compreensão da psique humana e da influência dos desejos e conflitos infantis continua a ter um impacto significativo na psicologia e na psicanálise. Édipo em Freud continua a ser um marco na exploração do inconsciente e um convite à reflexão sobre nossa própria jornada de autodescobrimento e crescimento psicológico.

 
 
 
  • Foto do escritor: Arthur Alexander
    Arthur Alexander
  • 25 de jun. de 2023
  • 2 min de leitura

A teoria das pulsões segundo Lacan é uma abordagem psicanalítica que busca compreender o funcionamento psíquico e a motivação por trás dos comportamentos humanos. Jacques Lacan, desenvolveu sua teoria das pulsões como uma maneira de reinterpretar e ampliar as ideias freudianas sobre o inconsciente.

Para Lacan, as pulsões são uma parte fundamental da vida psíquica. Elas representam as forças motivadoras que impulsionam o sujeito a agir e buscar satisfação. No entanto, diferentemente da concepção de Freud, Lacan rejeita a dicotomia entre as pulsões de vida (Eros) e as pulsões de morte (Thanatos). Em vez disso, ele propõe a existência de uma única pulsão.

A pulsão é um conceito complexo que envolve tanto aspectos biológicos quanto simbólicos. Lacan acredita que a pulsão não é apenas uma questão de satisfação de necessidades físicas básicas, mas também está ligada à busca de um sentido de completude e identidade. Ele argumenta que a pulsão está enraizada na falta, na incompletude inerente ao ser humano, e é por meio dessa falta que o desejo é gerado.

Uma característica central da teoria lacaniana das pulsões é a sua ênfase no papel do simbólico. Lacan argumenta que as pulsões são mediadas pela linguagem e pelos significantes. A linguagem é o meio pelo qual os desejos e demandas do sujeito são expressos e negociados com o mundo exterior. A pulsão é, portanto, atravessada pela ordem simbólica e pela estruturação do sujeito pela linguagem.

Além disso, Lacan distingue entre o objeto da pulsão e o objeto do desejo. O objeto da pulsão refere-se a um objeto específico que pode satisfazer a pulsão em um nível puramente físico, enquanto o objeto do desejo está ligado à dimensão simbólica e é moldado pelos significantes presentes na cultura e na linguagem. O objeto do desejo é um objeto impossível de ser alcançado plenamente, pois está sempre fadado a escapar ao sujeito.


 
 
 
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© 2025 por Arthur Alexander Abrahão

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