O conceito de inconsciente em Lacan
- Arthur Alexander
- 14 de mai. de 2023
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A teoria psicanalítica de Jacques Lacan é amplamente reconhecida por suas contribuições inovadoras e complexas para a compreensão da mente humana. Um dos conceitos centrais em sua obra é o inconsciente, que passou por uma evolução significativa ao longo de sua carreira, exploraremos a trajetória do conceito de inconsciente na obra de Lacan, examinando suas influências, suas divergências em relação à teoria freudiana e suas contribuições para o campo da psicanálise.
Para compreender a evolução do conceito de inconsciente na obra de Lacan, é importante considerar suas influências iniciais, em especial a teoria freudiana. Sigmund Freud postulou a existência do inconsciente como uma instância psíquica que abriga desejos, impulsos e memórias reprimidas. No entanto, Lacan se distanciou da concepção de inconsciente de Freud, propondo uma abordagem mais estrutural e linguística.
Lacan desenvolveu sua própria teoria sobre a estrutura do inconsciente, baseada em conceitos como o "registro do Imaginário", o "registro do Simbólico" e o "registro do Real". Segundo Lacan, o inconsciente não é um reservatório de desejos reprimidos, mas sim uma estrutura linguística que determina o funcionamento da psique humana.
Lacan enfatiza a importância da linguagem na constituição do inconsciente. Segundo ele, "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" (Lacan, 1966). Para Lacan, a linguagem é a base da subjetividade e da formação do sujeito. Ele argumenta que o inconsciente não é uma "coisa" dentro de nós, mas sim um efeito da linguagem e do simbólico.
No registro do Imaginário, o inconsciente é concebido como um espaço onde as imagens e representações simbólicas se entrelaçam, formando um complexo emaranhado de identificações e fantasias. Lacan destaca que "o imaginário não é um mundo de imagens, mas um registro em que se constitui a imagem do sujeito como tal" (Lacan, 1966). Nesse sentido, o inconsciente se manifesta através das fantasias e das identificações que construímos em relação às imagens.
No registro do Simbólico, o inconsciente é concebido como uma rede de significantes, na qual as palavras e os símbolos ganham poder e influência sobre o sujeito. A linguagem é vista como a principal forma de expressão do inconsciente, revelando-se através de lapsos verbais, chistes e sonhos. Lacan afirma que "o inconsciente é estruturado como uma linguagem, não como uma mensagem" (Lacan, 1966). Ou seja, o inconsciente não é algo que possa ser traduzido ou decifrado, mas sim uma estrutura simbólica que determina a forma como o sujeito se relaciona consigo mesmo e com o mundo.
No registro do Real, o inconsciente é concebido como uma dimensão da realidade que escapa à simbolização e à linguagem. Lacan enfatiza que o Real não pode ser apreendido de forma direta ou imediata, mas apenas através de sua negação e de sua relação com o Simbólico e o Imaginário. O Real é o que está além da representação e da significação, representando o impossível de simbolizar.
A concepção lacaniana de inconsciente apresenta importantes contribuições e divergências em relação à teoria freudiana. Enquanto Freud concebia o inconsciente como um reservatório de desejos reprimidos, Lacan propõe uma abordagem mais estrutural e linguística, concebendo o inconsciente como uma estrutura simbólica que determina o funcionamento da psique.
Além disso, Lacan destaca a importância da linguagem e do simbólico na constituição do inconsciente, destacando a linguagem como a principal forma de expressão do inconsciente. Para ele, o inconsciente não é um "conteúdo" que possa ser acessado ou interpretado diretamente, mas sim uma estrutura simbólica que molda a subjetividade e a forma como o sujeito se relaciona consigo mesmo e com o mundo.
Bibliografia
Lacan, J. (1966). Os Escritos. Editora: [Jorge Zahar Editor..