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  • Foto do escritor: Arthur Alexander
    Arthur Alexander
  • 29 de out. de 2023
  • 2 min de leitura

O "Discurso do Outro" é um conceito na teoria psicanalítica de Jacques Lacan que se relaciona com a complexa relação entre o sujeito e a linguagem. Lacan introduziu o termo "Outro" (l'Autre) para representar uma alteridade radical, diferenciando-o do "outro" (autre), que pode ser semelhante ou próximo. Ele destacou a distinção entre o "Outro imaginário" e o "Outro simbólico", enfatizando que a ordem simbólica da linguagem desempenha um papel fundamental na estruturação da subjetividade.


O "tesouro dos significantes" é uma ideia central no contexto do "Discurso do Outro". Lacan usava a expressão "tesouro dos significantes" para se referir à vasta coleção de palavras e símbolos na linguagem que moldam o pensamento e a comunicação humanos. Ele destacava que a linguagem não é simplesmente um código com correspondência unívoca entre palavras e significados, mas sim um tesouro de significantes que se opõem e se diferenciam uns dos outros. O uso da linguagem é mediado por esse tesouro de significantes, o que também está ligado à noção de inconsciente como o "discurso do Outro".


O "Outro" de Lacan é definido por negatividade, ou seja, pelo que ele não é. É uma alteridade radical que não pode ser equiparada ao próximo ou ao semelhante. Ele não é um ser humano, mas um campo ou lugar situado na linguagem. A linguagem atua como um terceiro que medeia as interações entre o eu, o tu e o Outro, desempenhando um papel crucial na comunicação e na construção do laço social.


A expressão "não há Autre de l'Autre" refere-se à ideia de que o Outro não tem um "Outro" que o fundamente, uma vez que a regra ou princípio que organiza o Outro está fora dele, seguindo uma lógica similar à dos teoremas de completude e incompletude de Gödel. Isso implica que o Outro é incompleto e que a identidade do sujeito se forma em relação a ele.


O "Discurso do Outro" na teoria de Lacan destaca a importância da linguagem, da negatividade e da alteridade radical na construção da subjetividade humana. É uma parte fundamental da complexa rede de conceitos que compõem a psicanálise lacaniana e contribui para nossa compreensão da mente humana e das dinâmicas psicológicas.

 
 
 
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    Arthur Alexander
  • 15 de out. de 2023
  • 2 min de leitura

A banda de Möbius é uma figura geométrica que se destaca por sua singularidade e complexidade. Ela consiste em uma tira de papel retorcida de tal forma que suas extremidades são unidas após um giro de 180 graus. O resultado é uma superfície com apenas um lado e uma única borda, desafiando a intuição humana e as leis da geometria tradicional.


Lacan argumenta que o sujeito humano está inserido em uma rede simbólica de linguagem e significados, onde a identidade e o self são formados através de processos dialéticos e de construção social. A banda de Möbius, com sua única superfície e borda, pode ser vista como um reflexo do sujeito lacaniano, constantemente envolto em um ciclo de significados e deslocamentos, sem um "lado de fora" ou uma identidade fixa. O EU, portanto, é fluido e em constante evolução, moldado pela linguagem e pelas relações sociais.


A noção de "retorno do recalcado" em Lacan também pode ser relacionada à banda de Möbius. O recalcado, no contexto da psicanálise lacaniana, representa os elementos não resolvidos e reprimidos da psique, que continuam a influenciar o sujeito de maneiras sutis e muitas vezes inconscientes. Assim como a banda de Möbius não pode ser desenrolada em um "lado de fora", o retorno do recalcado é um processo que mantém o sujeito em um ciclo de ressurgimento constante, afetando sua subjetividade de maneira recorrente.


A banda de Möbius em Lacan também pode ser vista como uma representação da relação entre o simbólico, o imaginário e o real, que são conceitos fundamentais em sua teoria. Essas três dimensões interagem de maneira complexa, criando uma estrutura contínua que envolve o sujeito em uma experiência multifacetada da realidade.


Lacan introduz o conceito de "o Nome-do-Pai" como um elemento central em sua teoria. O Nome-do-Pai representa a entrada do sujeito na ordem simbólica, a fase em que a criança internaliza a linguagem e as normas sociais. Essa entrada na ordem simbólica é um momento crucial na formação do EU e é representada de maneira adequada pela banda de Möbius. Assim como a banda de Möbius está torcida e conectada a si mesma de uma maneira que não pode ser desenrolada, o sujeito, uma vez inserido na ordem simbólica, está inextricavelmente ligado às estruturas de significado e normas sociais.

 
 
 
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    Arthur Alexander
  • 8 de out. de 2023
  • 2 min de leitura

A topologia lacaniana é uma abordagem teórica desenvolvida para compreender a estrutura do psiquismo humano e os complexos processos psicológicos envolvidos na experiência do sujeito. Uma das principais contribuições de Lacan para a psicanálise foi a introdução de conceitos topológicos, como o "nó borromeano" e o "grafo do desejo", que têm como objetivo representar de maneira visual e simbólica a dinâmica dos elementos que constituem o psiquismo humano.


O "nó borromeano" é uma metáfora geométrica que Lacan usou para descrever a relação entre os três registros fundamentais que ele identificou na experiência humana: o Real, o Simbólico e o Imaginário. Esses registros são interdependentes e se entrelaçam de maneira complexa, assim como os anéis de um nó borromeano, onde cada anel está ligado aos outros dois de tal forma que, se um deles for removido, os outros dois também se desfazem. Essa representação visual do nó borromeano sugere que a psique humana é uma rede de relações intricadas entre esses três registros, e a ruptura de qualquer um deles pode levar a desequilíbrios psicológicos.


O conceito de nó borromeano é central na topologia lacaniana e representa uma abordagem inovadora para entender a psicodinâmica do sujeito. Esse nó é composto por três anéis entrelaçados que representam os três registros lacanianos:


O Real: Este é o registro que representa a dimensão do inconsciente e do inapreensível. Ele está fora da simbolização e é frequentemente associado a experiências de trauma e angústia. O Real é aquilo que não pode ser completamente simbolizado ou compreendido pela linguagem.


O Simbólico: Este registro é o mundo da linguagem, dos significantes e das estruturas simbólicas que organizam a experiência humana. É onde as normas, os valores, as regras sociais e as identidades são construídos. O Simbólico é mediado pela linguagem e pela cultura.


O Imaginário: Este registro lida com a imagem do corpo e a construção das identidades. Envolve a maneira como percebemos a nós mesmos e aos outros, muitas vezes influenciada por imagens idealizadas ou fantasias. É o espaço onde as identificações e as imagens narcísicas se desenvolvem.


Uma interpretação mais profunda do Nó Borromeano também pode envolver a ideia de que, assim como os anéis do nó estão interligados, os três registros também estão em constante movimento e mutação. As mudanças em um registro podem afetar os outros, e a psicanálise lacaniana visa explorar essas dinâmicas para compreender melhor os processos psíquicos, os sintomas e a estrutura do desejo humano.

 
 
 
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© 2025 por Arthur Alexander Abrahão

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